Olá pessoal!
Entrevistamos o jornalista Luiz Carlos Merten, que nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e trabalhou em diversas áreas dentro do jornalismo: esportes, polícial e cultural. Atualmente ele trabalha no jornal "O Estado de São Paulo" como crítico de cinema, escreve no Caderno 2. Merten tem seu próprio blog e lá comenta sobre vários filmes e festivais.
Boa leitura!
CK: Como você iniciou no caminho para ser critico, você sempre quis?
Merten: Olha só, eu sou de Porto Alegre, comecei a fazer o curso de arquitetura lá, praticamente me formei, só não fiz a conclusão do curso, ai nessa época eu já comecei a escrever no mural que havia na faculdade. Achei que era o que eu queria fazer, comecei a colaborar com algumas publicações nos jornais. Quando a profissão foi regulamentada e eu precisava de um registro para trabalhar no jornal, voltei à faculdade, fiz o curso de jornalismo, isso nos anos 70, e desde então exerço profissionalmente o jornalismo.
CK: Você já trabalhou em todas as áreas, qual foi aquela que você mais se identificou?
Merten: Eu já trabalhava nessa área de cinema no jornal, mas houve uma demissão coletiva e eu saí, e só consegui emprego na editoria de esportes de um jornal lá do Rio Grande do Sul, Zero Hora de Porto Alegre. E eu acho que o fato de eu ter trabalhado em áreas que não tinham muito a ver comigo, ajudaram a estabelecer a minha habilidade como redator.
CK: O que você gosta e o que você não gosta em ser critico?
Merten: Eu só gosto. Só tenho prazer. Eu dei uma palestra esses dias, para falar com pessoas que querem ser críticos, e eu acho que você tem que lembrar que é uma paixão, é um exercício. Eu adoro fazer essa parte, eu gosto muito, inclusive de transitar. Eu não digo que eu sou critico, eu sou jornalista de cinema. Eu trafego entre a reportagem e a critica. Eu vou a muitos festivais internacionais de cinema, já fui jurado em Cannes, conheço um monte de gente. Eu vejo um filme, eu faço reportagem, escrevo e é uma coisa que eu gosto de fazer.
CK: Você sempre gostou de cinema?
Merten: Eu sempre gostei muito. O cinema sempre fez parte da minha vida, desde que eu me lembro. Morava em um bairro onde umas três ou quatro quadras pra baixo tinha um cinema e mais três ou quatro quadras pra cima tinha outro cinema. Tinha matinês aos domingos, sábados, feriados. Tinha toda uma atividade social de garotada no cinema também. E os filmes eram basicamente do estilo Western, de Bang-Bang,
CK: Quantos filmes você já assistiu em um dia só?
Merten: O ano em que eu fui jurado no Festival de Cannes assisti quarenta e cinco filmes. Foi uma coisa meio punk. Você ver quatro ou cinco filmes em um dia tudo bem, mas durante dez dias é complicado.
CK: Quais são os critérios que você usa para avaliar um filme?Quais os pontos positivos e negativos que você observa?
Merten: Sei lá, eu desenvolvi um método próprio. Eu não me prendo a gêneros, não me prendo a estilos, eu acho que de repente é possível gostar de tudo. Então eu desenvolvi o meu método, de leitura, de apreciação, justamente para poder abarcar esse meu gosto, que no fundo é bem eclético porque o filme é do diretor até o momento que ele coloca na tela, a partir daí ele é nosso.
CK: Tem algum estilo, especial de filme que te chama mais atenção, que você gosta mais de ver?
Merten: Se eu fosse pensar em um gênero eu acho que seria Western, sempre gostei muito de ver e até hoje o gênero é desacreditado.
CK: Quanto ao Blog, como surgiu essa idéia de montar um blog de cinema?
Merten: Não sei como te dizer, não era uma expectativa minha: Eu não uso celular, eu não gravo entrevista nada disso, inclusive num período muito grande da minha vida eu não abri e-mail, então eu era na realidade um ET. Mas ai o jornal abriu essa possibilidade de Blog eu fui um dos primeiros a entrar. O blog é uma experiência diferente do jornalismo para mim, eu entrei nessa coisa de mais objetivo, e é engraçado, porque eu conto coisas de mim, da minha saúde, da minha filha, etc.
CK: Como é a relação tanto dos leitores do Blog, quanto os do jornal? Já teve alguém que sempre discordasse de suas críticas?
Merten: Ah! Magina, sempre é uma relação de amor e ódio, mas eu acho que no meu caso tem mais amor do que ódio. Eu recebo muito carinho de pessoas que às vezes vão falar comigo na rua, na fila do cinema, etc. Eu até que não recebo muitas cartas no jornal, recebo mais as destinadas ao blog. Mas no blog entra mais gente que só entra pra esculachar, mas eu acho que faz parte.
CK: No seu blog, você colocou vários posts de filmes brasileiros que fizeram sucesso, como por exemplo, Meu nome não é Jhonny. O que você acha do cinema brasileiro?
Merten: Cara, o que eu vou achar do cinema brasileiro?! O cinema brasileiro é a nossa cara né. Eu acho que o cinema brasileiro é antes de mais nada uma necessidade, a gente tem que ter um espelho que nos reflita, nós não vamos ficar esperando que o cinema americano seja o nosso reflexo. Tem coisas importantes nos filmes americanos, europeus, que a gente consegue absorver, trazer pro nosso universo. Mas de repente só o cinema brasileiro tem a possibilidade de expressar o nosso mundo, o nosso universo.
Bilheteria Brasil – 03.08.2025
Há 8 horas
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